A diferença de um país educado e o nosso sem educação!!

Preparo e espírito de grupo explicam ausência de saques após terremoto


Tremor seguido de tsunami devastou a costa noroeste do Japão.

Quatro dias após o tremor, não foram registrados episódios de violência.

Giovana Sanchez

Do G1, em São Paulo





Deslocados da região próxima à usina nuclear emrisco recebem comida em Tamura, em Fukushima

(Foto: AP)O desespero, a destruição e o caos que o Japão enfrenta desde o terremoto e o tsunami que assolaram o país na última sexta-feira foram vistos também no Haiti e no Chile, ano passado. Mas, ao contrário dos países ocidentais, o Japão enfrenta a crise humanitária de uma forma mais organizada e menos violenta. Até agora, nenhum episódio de saque ou briga foi registrado no país, o contrário do que ocorreu no Haiti, que precisou da intervenção do Exército e de forças da ONU, e da cidade chilena de Concepción, que teve de decretar toque de recolher após quase todas as lojas da cidade terem sido roubadas.



A explicação para isso, segundo estudiosos de Japão ouvidos pelo G1, está num conjunto de aspectos históricos, sociais, políticos e até religiosos, além do enorme preparo que o país tem para lidar com esse tipo de catástrofe. "É aquele lugar comum de dizer que os japoneses são educados para trabalhar em grupo. É uma ênfase diferente do que acontece no Ocidente de modo geral. No Japão, desde pequenos, eles aprendem a trabalhar em grupo. Essa característica é um fator que conta bastante. Depois, tem o fato de pensar na coletividade", explica Ronan Alves Pereira, professor de estudos japoneses da Universidade de Brasília (UnB).



"Há uma orientação a não se apropriar das coisas dos outros. Não quer dizer que não exista, mas os índices de roubo e criminalidade são muito mais baixos do que em muitos países ocidentais. Também adicionaria o componente político-administrativo. Como o país sempre foi vítima de grandes tragédias, sempre houve uma orientação da parte do governo de preparar a população para catástrofes assim. [...] Por último, eu apontaria o fator tecnologia e desenvolvimento econômico. Em um lugar como o Haiti não há preparação. O nível do investimento publico não chega nem de longe ao nível do investimento no Japão, com construções mais resistentes inclusive."
                                               Pessoas aguardam na fila para comprar comida em supermercado reaberto em Sendai (Foto: Jo Yong-Hak/Reuters)



O professor viveu cinco anos no Japão e no segundo dia que estava no país vivenciou um terremoto. Ele conta que acompanhou o fluxo para fora do prédio e ficou observando atento como os japoneses se comportavam. No momento, a UnB tem vários estudantes brasileiros morando no Japão, e, segundo Ronan, todos estão bem após o tremor.



País mais preparado

Organizações internacionais estão enviando equipes de ajuda para o Japão. Mas, de acordo com a porta-voz do Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha), a organização não planeja organizar uma operação maior de assistência se não for solicitada. "O país enfrenta três emergências: uma pelo terremoto, outra peso tsunami e outra de caráter nuclear. Mas eles estão indo muito bem. É o país mais bem preparado para esse tipo de catástrofe. Não estamos falando do Haiti ou do Paquistão. Os japoneses são treinados desde pequenos para lidar com terremotos e têm muito senso de disciplina e calma", disse Elisabeth Byrs ao G1.

O terremoto de magnitude 8,9 gerou um tsunami e abalou a estrutura de complexos nucleares do noroeste do país. O número oficial de mortos chegou a 1.833, segundo a Polícia Nacional. Há 2.361 desaparecidas, de acordo com balanço divulgado na noite desta segunda-feira (14).




Confiança

O psicólogo e professor de japonês Marcos Hiroyuki Suguiura acredita que além do preparo para catástrofes, os japoneses são "educados para ter um comportamento social. Muito do que eles fazem é movido pela ideia de ‘vai ser bom pra mim, mas também para os outros’. O mais forte acho que é essa característica de pensar no outro, mesmo que possa fazer mal para si num primeiro momento."
Outro ponto importante, segundo Marcos, é a confiança de que a ajuda virá do governo. "Eles sabem que a ajuda vai vir da sociedade, que tem alguém olhando por eles, então eles confiam e esperam."


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